Carlos Pinto Ferreira
"Nasci na Junqueira ao sétimo dia do mês de abril de 1904.
Fui o segundo de quatro irmãos: Deolinda, a mais velha; depois, eu; a seguir, o Manuel; por fim, a Ana.
Em criança, brinquei, corri por campos e bouças, trepei às árvores para espreitar os ninhos, andei às amoras e às castanhas, fiz recados para a minha mãe.
Como não havia escola na Junqueira, fui «fazer a primária» a Tougues, uma aldeia da outra margem do rio Ave. Era uma aventura…
A nossa casa ficava junto à capela da Senhora da Graça. Todas as manhãs, muito cedo, com os livros na sacola, ia a pé até à azenha da Quinta da Espinheira. Aí me esperava o barqueiro para a travessia do rio. Quando desembarcava na outra margem, subia a encosta e percorria o resto do caminho até à escola.
Acabadas as aulas, regressava à Junqueira: descia o que antes subira, atravessava outra vez o rio de barco e subia o que antes descera. Sempre a pé.
No inverno tudo se tornava mais difícil: a escuridão da noite entrava pela manhã dentro e eu sentia muito frio. Como é que o rio, tão claro e tão límpido no verão, se tornava tão escuro e tão turvo nos dias de invernia?…"
texto escrito pelo Prof. Abílio Santos
Atenção: este painel não ficou concluído hoje...aguarda por novidades aqui no nosso blog!
